sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Morto e enterrado






Desde The Sopranos,  a moda dos seriados protagonizados por anti-heróis vêm marcando a presença na TV à cabo com grande sucesso. É o caso de seriados como Dexter e Breaking Bad, entre outros. Faz poucos dias que foi finalizada a série Dexter, que conta a história de um serial killer que opta por assassinar criminosos, baseando-se em um estrito código moral criado por seu pai policial.

Para ser sincero, me dói resenhar sobre o final de Dexter. Isso porque a série foi resenhada por mim mesmo em 2011, aqui neste mesmo blog. Tinha falado de como tinha gostado da primeira temporada da série (veja a resenha aqui) e como a série prometia ser uma das melhores da televisão. E foi. Mas infelizmente os produtores decidiram continuá-la após o seu auge, o que garantiu ao menos três ou quatro temporadas de puro declínio para o desespero e insatisfação dos fãs. Esse erro de julgamento fez com que a série desaparecesse da mídia e caísse no desgosto do público, arrastando-se pelos úlimos anos como alguém à beira de uma morte nada agradável. Dito e feito.

Após a incrível quarta temporada, com um dos melhores vilões que o seriado já viu - o Trinity Killer (o espetacular e arrepiante John Lithgow) -, e a morte de uma personagem tão i(rritante)mportante quanto Rita (Julie Benz), a série descambou para vilões e discussões mais fracas. Embora Dexter Morgan (o brilhantíssimo Michael C. Hall, que continuou com uma atuação inacreditável apesar dos altos e baixos da série e apesar de seu próprio câncer) ainda fosse o assassino que tanto amamos, começou a ter dilemas mais humanos e problemas mais corriqueiros, o que de nenhuma forma desmerecia o personagem. Apenas entediava os espectadores.

A série recuperou o fôlego, mesmo que momentaneamente, quando o segredo de Dexter foi descoberto pela sua irmã, a detetive Debra ‘Fucking’ Morgan (Jennifer Carpenter, uma das poucas qualidades da série até seu derradeiro fim), durante a sexta temporada. Ainda que o conflito gerado tenha rendido alguns momentos de aflição e desespero, os assassinos foram se tornando mais entediantes e previsíveis. Dexter não tinha real competição e, embora tentassem, os roteiros simplesmente não prendiam como antigamente. A verdade é que estava difícil acreditar que o segredo de Dexter, ou ele próprio, corriam qualquer risco.

A oitava temporada chegou com um suspiro de alívio pelo conhecimento de que seria a última e não haveria mais espaço para estragar algo que já fora bom. É com essa impressão que encerrei a série, ainda que o final-final tenha sido pra lá de desapontador, como já imaginava, mas tinha esperança de estar errado. A questão é que a série vinha definhando e não havia final que fosse de fato agradar aos fãs. Mas isso não é desculpa pra o - e desculpem a expressão - brochante desenrolar que culminou na conclusão do último episódio. A dura verdade é que se a série tivesse sido brutalmente cancelada antes, o final não teria sido mais insatisfatório.

Embora tenha sido grande e boa, a série acabou não dando certo. Antes a tivesse tido menos enrolação, seu final teria agradado um pouco mais (ou agradado um pouco que seja). Uma pena. Com o perdão dos trocadilhos, mas Dexter tinha tudo pra ter um final matador e não um final tão morto. Tanto para os fãs quanto para a mídia.

Título original: "Dexter - Season 1-8". Ano: 2006-2013. Nacionalidade: EUA. Diretores: John Dahl, Steve Shill, Keith Gordon, Marcos Siega. Roteiro de: Scott Buck, Karen Campbell, Daniel Cerone, Manny Coto, Charles H. Eglee. Produzido por: Sara Colleton, John Goldwyn, Robert Lloyd Lewis, Scott Buck, Gary Law, Tim Schlattmann, Lauren Gussis, Michael C. Hall, Wendy West. Estrelando: Michael C. Hall, Jennifer Carpenter, Lauren Vélez, David Zayas, James Remar, C. S. Lee, Erik King, Geoff Pierson. Música de: Daniel Licht. Duração: 96 eps. Resenha escrita por: Guilherme R. Aleixo. Nota: 7,5/10.

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